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LOJA DE TURISMO RECEBE EXPOSIÇÃO DE CHAPÉUS DE SÃO JOÃO DA MADEIRA
08 de Outubro de 2019
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MOSTRA DECORRE ATÉ 22 DE NOVEMBRO
Os chapéus de São João da Madeira, considerada a cidade dos chapéus, vão estar em destaque na Loja Interativa de Turismo da Trofa. A exposição tem lugar até ao próximo dia 22 de novembro, com entrada gratuita.
A produção de chapéus terá sido uma das primeiras atividades industriais a instalar-se em São João da Madeira, estando documentada a existência de chapeleiros desde o século XVII. Durante este período os chapeleiros dedicavam-se, sobretudo, ao fabrico artesanal de chapéus de pano ou lã grossa, chapéus de aba larga usados no Alentejo e pequenos chapéus femininos, de aba revirada da Beira Litoral.
A partir do século XIX começaram a surgir um pouco por todo o território, pequenas fábricas de chapéus de lã, mas ainda com uma produção manual. A primeira fábrica terá sido fundada em 1802 por J. Gomes de Pinho, e, em 1867, contavam-se mais seis fábricas de chapéus.
Em 1891, António José Oliveira Júnior e Pedro Palmares introduziram em S. João da Madeira o fabrico de chapéus de feltro de pelo de coelho e a primeira máquina a vapor da terra. Esta teria já uma capacidade de fabrico anual de 200 mil chapéus.
Em 1914, António José Oliveira Júnior funda a Empresa Industrial de Chapelaria, Lda. ou “Fábrica Nova”, como ficou popularmente conhecida. Equipada com as mais avançadas máquinas e técnicas de fabrico da época tornou-se na única empresa do país capaz de fabricar o “chapéu da moda”, um chapéu fabricado com lã merino (lã fina) e grande rival, em qualidade, do chapéu de pelo.
Neste cenário, o fabrico de chapéus de pelo e lã merino, a introdução dos processos mecânicos, a melhoria na qualidade destes artigos e na procura no estrangeiro de matérias-primas superiores levaram a um grande desenvolvimento por parte da indústria de chapelaria em São João da Madeira.
Com o decorrer dos anos, São João da Madeira tornou-se o principal centro de chapelaria do país. Em 1946, as fábricas de chapelaria de São João da Madeira representavam 75% das unidades fabris do país, sendo que os 1775 operários desta indústria, 1212 exerciam a sua atividade no território.
Em 1995, a Fábrica Nova encerra o seu setor de chapéus, ficando a FEPSA – Feltros Portugueses, SA com o monopólio do fabrico de feltros de qualidade, acabando por se tornar líder mundial do setor, fornecendo feltros para as grandes casas e marcas mundiais.
A 22 de junho de 2005, as portas da antiga Empresa Industrial de Chapelaria, Lda., voltam-se a abrir ao público convertida, agora, no Museu da Chapelaria, único museu da Península Ibérica dedicada ao fabrico do chapéu, um dos principais ícones culturais da cidade e membro da Rede Portuguesa de Museus.
A Empresa Industrial de Chapelaria produziu, essencialmente, chapéus clássicos como a Capeline, a Cartola, o Clássico, a Cloche, o Coco, modelos regionais como o Tinoco, o de Nazarena ou o Gandarês e alguns modelos profissionais como os da Polícia Inglesa e os Cantoneiras.
Nesta empresa foram também produzidos milhares de chapéus de cowboy para o mercado norte-americano e há quem diga que o chapéu usado pelo personagem JR da série televisiva.
Dallas saiu das mãos dos laboriosos chapeleiros da Empresa Industrial de Chapelaria. Mas para além dos belíssimos chapéus desta grande empresa, terão sido centenas, se não mesmo milhares os modelos de homem, mulher e criança que foram e continuam a ser produzidos pelas hábeis mãos dos chapeleiros, alguns deles agora em exposição na Loja Interativa de Turismo do Município da Trofa.