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SANTEIROS DE SÃO MAMEDE DO CORONADO CANDIDATOS ÀS 7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR
02 de Junho de 2020
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ARTE SANTEIRA É CANDIDATA PELO MUNICÍPIO DA TROFA, NA CATEGORIA ARTESANATO

Os Santeiros de São Mamede do Coronado estão no concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular. Entre as inúmeras representações culturais do nosso país, a candidatura da Câmara Municipal da Trofa foi uma das aprovadas a concurso, levando a secular arte santeira à celebração pública nacional da cultura popular.

Promover o Património Cultural Imaterial de Portugal, elevando a nossa Cultura Popular a um patamar de causa pública é o objetivo do tema do concurso, que conta com as categorias de Artesanato, Lendas e Mitos, Festas e Feiras, Músicas e Danças, Rituais e Costumes, Procissões e Romarias e ainda Artefactos.

A 28 de junho, inicia a votação dos candidatos às 7 Maravilhas da Cultura Popular. Neste dia, a Trofa vai ficar a saber qual o número que está associado à candidatura - aos Santeiros de S. Mamede do Coronado.

A HISTÓRIA DOS SANTEIROS DO VALE DO CORONADO – TROFA

Os Santeiros do Vale do Coronado, Trofa são hoje um marco importante da valorização do património cultural, material e imaterial, associado à produção de imaginária religiosa na Trofa e em Portugal

Desde o séc. XIX que existem na Freguesia de São Mamede do Coronado (Trofa) famílias de artífices que produzem imagens religiosas em madeira. No entanto, em 1920, e a partir de São Mamede do Coronado, a produção de imaginária religiosa iniciou um novo ciclo em Portugal. Nesse ano, o mestre santeiro José Ferreira Thedim (1891-1971), descendente de uma família local, com tradição na arte, executou aquela que viria a ser a imagem da Capelinha das Aparições, no Santuário de Fátima.

Esta peça, (hoje uma das imagens religiosas mais famosas do mundo) impressionou os crentes, gerando um novo tema iconográfico que, mesmo antes da aprovação oficial das aparições pelas autoridades eclesiásticas em 1930, já estava difundido por todo o país.

Autorizado o culto da imagem nas igrejas, deu-se um aumento exponencial de encomendas à oficina Thedim. Já na 2ª metade da década de 1940, o mestre desta oficina realizou duas novas imagens da Iconografia Mariana de Fátima, a Virgem Peregrina e o Imaculado Coração de Maria, ambas sustentadas nas elucidações da irmã Lúcia, com quem privou para o efeito.

Tal como os Thedins, na localidade existiam outras famílias antigas de imaginários que, oportunamente, se adaptaram ao novo mercado dos devotos da Cova da Iria. Estes espaços oficinais eram oficinas-escola, onde o saber-fazer se transmitia entre as diversas gerações de aprendizes.

A partir daqui, até à década de 1970, proliferaram várias oficinas, realizando um repertório vasto de imaginária em diversos materiais. Além das de José Thedim e Amálio Maia, notabilizaram-se as oficinas de Avelino Vinhas (1912-2005), Crispim Monteiro (1914-1977) e Francisco da Silva Ferreira (1910-1995).

Outros artífices mantiveram-se numa escala reduzida, não deixando, contudo, de elaborar peças com um nível de apuro elevado. Inclusive, alguns especializaram-se em tipologias de trabalhos, como são exemplo as imagens de Crucificados e de São Sebastião, em que se pormenorizavam os detalhes do corpo humano. Houve também os que trabalharam matérias-primas específicas, como o marfim e o mármore, diferenciando-se daqueles que talhavam a madeira, material mais comum.

Nessa época, São Mamede do Coronado (Trofa) assumiu-se como o principal centro de produção da imaginária em Portugal. Depois dos anos setenta, as encomendas abrandaram e muitas oficinas encerraram. Na atualidade, estes profissionais trabalham isoladamente, na sua maioria, em casa.

Empenhada na preservação deste saber-fazer, a Câmara Municipal da Trofa publicou em 2017, o livro “A produção de Arte Sacra do Vale do Coronado” e adquiriu as coleções da oficina Stúdio Nossa Senhora de Fátima e do autor da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, José Ferreira Thedim.

Este trabalho tem sido fundamental para a preservação desta memória coletiva, já inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

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