Sérgio Humberto, Presidente da Câmara Municipal da Trofa, pede ao Governo para ouvir os autarcas portugueses antes de tomar decisões, pois estão mais perto das populações e da conjuntura especifica de cada território
No seguimento da Reunião de Câmara de 20 de novembro de 2020, a Câmara Municipal da Trofa emitiu um Comunicado de Apelo ao Governo para alterar algumas das medidas em vigor, no âmbito do Estado de Emergência.
Comunicado
Apelamos ao Governo para que reavalie a forma como está a gerir o combate e a ação de mitigação da Covid-19, no nosso país, pois consideramos que muitas das medidas em vigor, estão desfasadas da realidade, por terem na sua génese dados incorretos e descontextualizados no tempo e no espaço.
Esta urgência de reavaliação da ação da Administração Central prende-se com a gravidade da situação nacional, pois defendemos que se não houver uma intervenção imediata, os efeitos desta pandemia ultrapassarão largamente a crise de saúde pública e assumirão um cenário de grave crise social e económica.
A Câmara Municipal da Trofa está solidária com todos os comerciantes, lojistas, empresários e demais trabalhadores dos setores de atividade fortemente penalizados pelas últimas medidas do Governo, nomeadamente o confinamento decretado aos fins de semana, a partir das 13h00.
Vemos esta restrição como um ataque sem precedentes à restauração e ao comércio, que além de ser inconsequente, no que diz respeito ao objetivo de reduzir os contágios, pois já foram divulgados dados que revelam que a taxa de contágio nos restaurantes é residual, não é suportada por outras medidas de continuidade.
Assim, em nome dos empresários da restauração e do comércio da Trofa vimos exigir ao Governo a alteração, com carácter urgente, dos horários do confinamento aos sábados e domingos, alargando a possibilidade de circulação até às 15h00, garantindo assim, este pequeno balão de oxigénio à economia local, permitindo que, pelo menos garantam as receitas provenientes dos almoços.
Para limitar a propagação da Covid-19, especialmente na região da grande Lisboa e do grande Porto, onde estamos inseridos vemos também o encerramento dos grandes centros comerciais, espaços aglutinadores de ajuntamentos, como uma medida acertada para diminuir o risco de contágio, já que “chamam” clientes de vários concelhos, que recorrem muitas vezes aos transportes públicos para as suas deslocações. Assim, diminui a pressão de utentes nos transportes públicos e diminuem também os movimentos pendulares entre concelhos, cortando a circulação do vírus entre territórios.
Em paralelo, vimos pedir esclarecimentos ao Ministério da Saúde e à Administração Regional de Saúde do Norte, sobre a atual capacidade de reposta que o Sistema Nacional de Saúde está a dar aos munícipes da Trofa, quer sejam Covid-19 positivos, quer padeçam de outras doenças. Neste momento, a Câmara Municipal da Trofa está muito preocupada com o acompanhamento deficitário a que os Trofenses estão a ser votados.
No seguimento de várias reuniões tidas recentemente, recebemos o alerta de que o Centro Hospitalar do Médio Ave e os centros de saúde do Concelho da Trofa já não têm capacidade de resposta, nem estão dotados dos meios físicos, técnicos e humanos necessários para responder à enorme procura que estão a enfrentar.
Acresce ainda que as autoridades de saúde locais estão, neste momento, desprovidas de meios para acompanhar os casos que estão em isolamento, pelo que para fazer face a esta lacuna, já disponibilizamos uma equipa de técnicos ao ACES Grande Porto I - Santo Tirso / Trofa, numa reunião realizada recentemente com o novo Diretor, Dr. Nuno Carvalho, para apoiar nestas tarefas de acompanhamento telefónico.
É evidente o desnorte do Governo na gestão do combate à Covid-19, revelado pela falta de planeamento e de preparação, que tem levado à tomada de decisões sem a devida avaliação das suas consequências.
Esta desorganização está a refletir-se, lamentavelmente, também na falta de comunicação e de transparência da Direção-Geral da Saúde (DGS), pelo menos no que diz respeito à Trofa. Atualmente, é impossível percebermos em tempo real, a evolução dos casos positivos na Trofa, os números que surgem não são corretos e as informações são contraditórias.
Por fim, lamentamos que o Governo continue a ignorar os Autarcas de todo o país, nas suas tomadas de decisão, pois têm sido as câmaras municipais e as juntas de freguesia que têm estado na linha da frente no trabalho de proteção das populações, substituindo-se, muitas vezes, ao Estado Central.
Nos últimos meses, a Trofa já investiu mais de 600 mil euros no combate e na mitigação do surto do novo coronavírus, por isso, e face ao momento grave que enfrentamos enquanto povo e enquanto nação, reafirmamos este compromisso de continuarmos a trabalhar ao lado de todos os Trofenses, na proteção da nossa população, no auxílio aos mais necessitados e no apoio das autoridades e instituições das áreas da saúde e da segurança.
Exmo. Senhor Primeiro Ministro, o nosso propósito é comum, todos queremos garantir a saúde dos portugueses, mas para que este combate funcione é preciso trabalhar com transparência, com a verdade dos números e com abertura para que a entreajuda entre instituições funcione, para juntos podermos evitar que esta terrível pandemia cause mais danos humanos, sociais e económicos.
Trofa, 20 de novembro
A Câmara Municipal da Trofa